Texto feito inicialmente em sala e posteriormente modificado com base na apresentação de novas ideias.
Dialogando diretamente com a Revolução dos Bichos, livro de George Orwell, no texto "Animação cultural", Flusser narra uma hipotética reunião de objetos com a tarefa de elaborar a Declaração dos Direitos Objetivos, documento que afirmaria a supremacia dos objetos sobre os seres humanos. Em seu discurso, a mesa redonda, presidente do grupo, destaca a repressão feita pelos seres humanos contra os objetos a fim de mascarar a superioridade objetiva. Além disso, a mesa defende que, com os avanços tecnocientíficos do século XX, a tarefa humana tornou-se meramente funcional e subalterna.
Em primeiro plano, é necessário ressaltar a relação mútua de dependência entre o homem e o objeto, uma vez que, no mundo atual, tornou-se inviável estudar, pesquisar, trabalhar e viver sem o uso de importantes ferramentas. Por outro lado, sem a atribuição de valor e de finalidade dadas pelos humanos, tais ferramentas não possuiriam propósito. Em segundo plano, destaca-se o viés cultural que, mesmo sendo atrelado a objetividade, é fruto da associação entre a criação e a criatividade humana com a manipulação e o uso do espaço ao seu redor. Ao se idealizar um projeto e executá-lo, coloca-se "humanidade" em estruturas inanimadas, tornando-as parte integrada da humanidade. Da mesma forma atua a arquitetura, transformando espaços vazios e significando os objetos e estruturas que rodeiam e que marcam a existência humana. Portanto, pode-se afirmar que, desde os primórdios, a relação entre homens e objetos é de codominância na qual o desenvolvimento dos primeiros depende do dos segundos e vice-versa.
Isabela Daride
Comentários
Postar um comentário